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Nota do Editor - Relembremos Ray Bradbury

Entre o final da década de 1940 e o início da década de 1950, Ray Bradbury alugou uma máquina de escrever e, nos porões da biblioteca Powell, na Universidade da Califórnia, escreveu o romance distópico Fahrenheit 451, que foi publicado em 1953.

Capa do livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Descrição da imagem: ilustração de uma mão que segura um livro aberto, de dentro do livro saem chamas; e, na capa deste livro, olhos perversos observam o leitor

O título do livro, Fahrenheit 451, é uma referência à temperatura da queima do papel.

A obra retrata uma sociedade em que ter uma opinião própria, diferente do senso comum, é visto como um desvio social; em que o pensamento crítico e o conhecimento são vistos como defeitos, como um mal a ser extirpado. Uma sociedade em que as pessoas usam com frequência remédios para dormir e para sorrir; em que o sonho das pessoas é que todos sejam idênticos e adequados; em que o maior objetivo é poder ter uma tela maior na sala, para poder interagir com a programação inócua e antirreflexiva que se apresenta nestas telas. Uma sociedade em que, por todo este contexto ideológico, a posse e a leitura de livros são considerados crimes; e na qual o papel dos bombeiros consiste em localizar e incendiar livros.

Nestes tempos em que um bispo-prefeito ordena que a Bienal do Livro do Rio de Janeiro seja vistoriada em busca de material inadequado, para que seja recolhido (e destruído? queimado?), é sempre importante relembrar Bradbury e sua obra.

Apesar de retratar tempos sombrios, a obra ressalta a força das ideias e como elas resistem tanto ao fogo quanto à obscuridade.



Rodrigo Domit
Editor do blog

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