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Notícia - Dalton Trevisan vence o Prêmio Camões

Dalton Trevisan, consagrado mestre da narrativa curta, venceu o Prêmio Camões, após a deliberação do júri na manhã de hoje, em Lisboa. O escritor curitibano, que completa 87 anos no dia 14 de junho, foi reconhecido por sua contribuição para a arte do conto e seu trabalho com a linguagem concisa, que ele condensou ainda mais ao longo de sua obra.

Trevisan é dono de uma obra extensa, com livros como A guerra conjugal (1969), Vozes do retrato - Quinze histórias de mentiras e verdades (1998), Pico na veia (2002), O maníaco do olho verde (2008) e O anão e a ninfeta" (2011). Seu livro mais conhecido é O vampiro de Curitiba (1965), que conta uma série de relatos sobre Nelsinho, jovem solitário que vaga pela cidade assediando mulheres.

O Camões, criado conjuntamente por Brasil e Portugal em 1988, dá 100 mil euros ao vencedor, pagos em partes iguais pelos governos dos dois países – no Brasil, a Fundação Biblioteca Nacional é responsável pelo prêmio; em Portugal, é a Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

Nesta 24ª edição do Camões, o júri de seis membros foi composto pelos brasileiros Alcir Pécora e Silviano Santiago; os portugueses Abel Barros Baptista e Rosa Maria Martelo; o moçambicano João Paulo Borges Coelho e a angolana Ana Paula Tavares.


Leia abaixo a declaração de Silviano Santiago, escritor e professor emérito da Universidade Federal Fluminense, sobre a escolha de Dalton Trevisan:
"A escolha de Dalton Trevisan foi unânime. Houve uma discussão maravilhosa entre os membros do júri de cerca de duas horas e depois chegamos a essa decisão consensual. Primeiramente, pela contribuição extraordinária de Dalton Trevisan para a arte do conto, em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina. Dalton Trevisan leva adiante essa tradição notável com uma nota muito pessoal. Também o escolhemos pelo modo como ele trabalha o conto a partir de uma linguagem concisa, direta, chegando a aproximar o conto de um poema em prosa e de um hai-kai. Além disso, o tratamento que ele dá ao fait-divers, aos pequenos acontecimentos do cotidiano, como em O vampiro de Curitiba, faz com que ilumine os pequenos dramas do cotidiano. Ele nos mostra que somos todos como Joaquim, o nome de uma revista muito importante que ele fundou e dirigiu nos anos 1940."

Confira todos os vencedores do Camões:
1) 1989: Miguel Torga (poeta e romancista português)
2) 1990: João Cabral de Melo Neto (poeta brasileiro)
3) 1991: José Craveirinha (poeta moçambicano)
4) 1992: Vergílio Ferreira (romancista português)
5) 1993: Rachel de Queiroz (romancista brasileira)
6) 1994: Jorge Amado (romancista brasileiro)
7) 1995: José Saramago (romancista português)
8) 1996: Eduardo Lourenço (crítico literário e ensaísta português)
9) 1997: Pepetela (romancista angolano)
10) 1998: Antonio Candido (crítico literário e ensaísta brasileiro)
11) 1999: Sophia de Mello Breyner Andresen (poeta portuguesa)
12) 2000: Autran Dourado (romancista brasileiro)
13) 2001: Eugénio de Andrade (poeta português)
14) 2002: Maria Velho da Costa (romancista portuguesa)
15) 2003: Rubem Fonseca (romancista brasileiro)
16) 2004: Agustina Bessa Luís (romancista portuguesa)
17) 2005: Lygia Fagundes Telles (romancista brasileira)
18) 2006: José Luandino Vieira (escritor angolano; recusou o Prêmio Camões)
19) 2007: António Lobo Antunes (romancista português)
20) 2008: João Ubaldo Ribeiro (romancista brasileiro)
21) 2009: Armênio Vieira (escritor de Cabo Verde)
22) 2010: Ferreira Gullar (poeta brasileiro)
23) 2011: Manuel António Pina (poeta, cronista, dramaturgo e romancista português)


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